terça-feira, 30 de abril de 2013

Miguel Sousa Tavares arrasa por completo o Benfica...em crónica no jornal submisso!

Caro Eduardo Barroso Carta recebida, carta respondida. Aqui vai, pois. Primeiro de tudo,retribuo o que é sincero: a estima e admiração, a tal «amizade à distância» e as cordiais discordâncias desportivas ou desencontros de paixões antagónicas. E, a seguir, declaro que sei que partilharmos algumas outras paixões, essas não antagónicas: o amor pela Baía de Lagos e Ria de Alvor, na parte ainda a salvo dos piratas, pelo peixe grelhado, pelos livros e pela música, pelo futebol como arte irracional, por um puro fumado ao final da tarde, com os olhos magoados de sal e de azul, nesses dias de tréguas de Verão, sem vencedores nem vencidos, a que chamam «defeso», e onde nada é mais importante do que ver a felicidade a desaparecer devagar no horizonte em todos os finais de dia, sabendo que estará de volta na manha seguinte. Pensando nisso, nesse teu gosto pela beleza das coisas, tenho pena de ti, cujo clube joga no horrendo Estádio de Alvalade, enquanto que o meu joga no mais bonito estádio que conheço. (Toma isto como um indicador, mais um, da desgraça que se abateu sobre o teu clube nas últimas décadas, comparada com a glória que levou o nome do meu aos quatro cantos do mundo). Sobre a minha última crónica aqui, tu dizes, e com razão, que o que mais me indignou no que fizeram ao teu Sporting na Luz foi o que disso sobrou para o meu FC Porto. Pois claro que sim! É que, desculpar-me-ás que te diga, quem se quis atingir não foi o Sporting (vegetando num 7ºlugar a 37 pontos do Benfica!), mas, obviamente o FC Porto, disputando com o Benfica um campeonato ponto a ponto. E, se dúvidas restassem, bastaria atentar nos comentários dos benfiquistas à capelada da Luz: o alvo deles não eram vocês, mas nós. Assim, enquanto que uns, assobiando para o ar, diziam coisas piedosas tais como «não há derby sem casos» ou «tirando as polémicas, o Sporting não leve nenhuma oportunidade de golo» (pudera, se o árbitro negou todas!), os outros, os institucionais, lá vieram com o Apito Dourado e o «Papa» e o passado - na versão deles e com o condão de desculpar todo o presente e qualquer futuro. Vocês, desculpa que te diga, foram apenas um peão na engrenagem, como a Académica e outros neste campeonato, colocados no caminho do «legado de transparência e verdade». E agora que o novo presidente do teu clube me parece tão ansioso por encontrar uma fórmula de amizade e vassalagem com o campeão da verdade e transparência, deixa apenas que te recorde coisas de um passado recente de tal campeão: - todos os clubes tem claques pouco recomendáveis, mas o único clube que tem claques condenadas em tribunal criminal, enquanto organização, é o SLB. O único cuja claque matou um adepto adversário em pleno estádio foi o SLB (numa final da Taça contra o Sporting). O único cuja claque atacou um autocarro de um clube adversário no seu estádio, deixando um jogador em coma, e nem um pedido de desculpas apresentou, foi o SLB (num Benfica-Porto em hóquei em patins, na Luz); - o único clube cujo treinador insultou, com gestos de uma ordinarice inimaginável, os adeptos adversários em pleno pavilhão destes e nada lhe sucedeu, foi o SLB (no último jogo do campeonato de basquete do ano passado). - o único clube que disputou a primeira Liga com um director de futebol que era simultaneamente presidente de outro clube da primeira Liga, foi o SLB, com José Veiga. - o único clube que, em consequência do facto anterior, convenceu o adversário a transferir um jogo em sua casa para campo neutro e onde o jogo lhe era mais favorável, foi o SLB, num decisivo jogo contra o Estoril, transferido para o Algarve; - o único clube que compra, ou anuncia o seu interesse em comprar, jogadores de um clube adversário nas vésperas de o ir defrontar, é o SLB (o último consumado foi o Jardel, do Olhanense, comprado na manhã do próprio jogo e logo impedido de o disputar); - o único clube que tem um presidente na cadeia (e só depois de ter perdido a reeleição e se ter apurado que roubara o proprio clube) é o SLB; - o único clube que montou toda uma operação engendrada ao pormenor e com cumplicidades no topo para retirar da competição o melhor jogador do adversário principal, foi o SLB (com o vergonhoso episódio do túnel da Luz, através do qual o Hulk foi afastado do campeonato num momento decisivo); — o único clube cujo presidente foi apanhado nas célebres escutas do Apito Dourado a escolher literalmente um árbitro para um jogo junto do presidente da Liga, foi o SLB; — o único clube cujo presidente ousou afirmar que era mais importante ter os homens certos nos lugares certos da estrutura da Liga do que ter uma boa equipe, foi o SLB; - o único clube que, tendo ficado em terceiro lugar no campeonato, montou uma estrangeirinha para afastar o campeão (que lhe ganhara com mais de 20 pontos de avanço) e assim tentar conquistar um lugar de acesso à Champions, foi o SLB; — o único clube que vos conquistou uma Taça da Liga através de uma arbitragem tão transparente e verdadeira que a Taça ficou para sempre conhecida pelo nome do árbitro, foi o SLB; — o único clube que o Fisco e a Comissão de Acompanhamento das Dividas dos Clubes se esqueceram de controlar,permitindo que durante anos estivesse na ilegalidade e em condições de concorrência desleal, foi o SLB; - o único clube cuja direcção, precisando de favores do governo, compareceu a um acto público de campanha eleitoral de um partido politico que as sondagens davam como vencedor (e veio a sé-lo), foi o SLB, na campanha de Durão Barroso. Porque, meu caro Eduardo Barroso, há uma diferença abissal entre nós e eles, entre os portistas e os benfiquistas. Eles são incapazes de jamais reconhecerem mérito aos adversários, e nós sim (ainda há três semanas aqui o fiz). Eles não se importam de ganhar nem que seja por decreto-lei e nós importamo-nos. Eles têm a imprensa desportiva a cortejá-los, temê-los, branqueá-los, reverenciá-los, e nós não. Não encontrarás um portista que não reconheça que, de facto, o golo do Maicon na Luz, na época passada. foi em obtido em off-side, mas não encontraste um só benfiquista capaz de reconhecer, ao menos, um dos penalties que o Sr. Capela não viu. Assim como não viste um único a reconhecer que também o segundo golo do Benfica, no jogo da época passada contra o Porto, nasceu de um livre que não existiu, que talvez tenha havido um penalty por marcar contra o Benfica ou que, sobretudo, foi o Porto que fez por merecer ganhar o jogo. Eles são arrogantes e acham-se donos do futebol indígena, por direito divino, e nós não. Nós respeitámos e respeitamos o Benfica do Eusébio e as suas conquistas europeias da década de sessenta, mas eles vivem a repetir que tudo o que nos ganhámos, na Europa e no mundo, foi com batota - como ainda agora o voltou a dizer o seu presidente. Mas é por isso mesmo que o SLB é hoje dono de um estatuto, um triste estatuto, que eu devo confessar que também já foi nosso; o de ser o clube que, fora do universo dos seus adeptos, é o mais desprezado de todos. Quanto a vocês, Eduardo, o que eu digo e repito há anos é isto: que, quando, acumulando uma dívida de 500 milhões de euros, se consegue ficar habitualmente a 20,30 ou mais pontos de distância do campeão, tentar explicar isso com as arbitragens é tapar o sol com uma peneira. Mais, até: em minha opinião, o constante choradinho do Sporting com os árbitros tem tido o efeito de auto-desresponsabilização, com os resultados à vista. Até porque certamente não irás ver nenhum correligionário a reconhecer, por exemplo, que acabam de ganhar dois pontos ao Nacional com um golo exactamente igual ao tal do Maicon na Luz ou que ganharam um ao Guimarães graças a um penalty evidente perdoado no último minuto, em Alvalade. Mas é evidente que vocês não beneficiam de arbitragens à Capela. Nem vocês nem nós. Porque o sistema tem um nome e é SLB. in abola

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